Hoje eu resolvi arrumar meu armário. Sempre adiava dizendo que armário arrumado é sinal de burguês burro. Mas, como estou todos os dias no laboratório e organização lá é fundamental, também estou adquirindo o hábito de ser organizada( eu sou uma pseudoorganizada). Me deparei com uma coleção de livros que eu ganhei quando tinha seis anos de idade. Quando aprendi a ler.
A coleção é do jornal o Globo do ano de 1990 intitulada Os grandes Humanistas e Os grandes cientistas. Minha tia assinava esse jornal e mantinha essa coleção na estante de uma saleta na sua casa, me recordo muito bem. Eu ficava olhando e quando eu já sabia ler meu nome disse que já sabia ler tudo e ela mandou minha mãe me dar. Disse que no futuro eu ia gostar. E gostei. Ela mal sabia que sua sobrinha era um tanto prafrentex e que acabara de picotar vários livros da Agatha Christie da sua irmã.
Com seis anos eu já era bem abusada e dizia que não gostava de ler os contos de fadas que vovó Sany tinha me dado. Minha mãe guardou bem escondido os livros numa caixa dentro do guarda-roupa. Um dia eu os encontrei. Tirei delicadamente um por um. Ri da careca do Gandhi da cabeleira do Newton e da Margaret Mead( sou fã dela). Recortei várias figurinhas do livro do Darwin e depois guardei.
Anos depois para um trabalho de escola minha mãe resolve pegar o livro do Nelson Mandela e me dar para pesquisa sobre Apartheid. Li o livro todo, li o do Thomas Edison e da Margaret Mead( um dia vou ser como ela ). Conclusão, minha tia antes de partir desse mundo me deixou algo que vou guardar para o resto de minha vida. Aprendi tanto com esses livros, aprendi tanto com ela.
Hoje me dá saudade. O rio sem ela não é o rio. Minha vida sem esses livros não é minha vida. Termino essa lembrança com uma frase muito querida do Gandhi: " Sem sombra de dúvidas, qualquer homem ou mulher pode realizar o que realizei, desde faça o mesmo esforço e cultive a mesma esperança e fé"
Abraços
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