Powered By Blogger

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Cachaça na mesa, bendita cana que te pariu !


No início dessa semana, na minha prova de português deparo-me com um texto de uma jornalista chamada Karen Gimenez para a revista Super Interessante/set 2009 com um título chamativo:" Engravidar é um ato egoísta." Esse artigo fala sobre os milhares de dólares gastos em clínicas de fertilização e nenhum gasto com a conscientização da adoção. Sobre uma sociedade que nos diz a todo instante que devemos engravidar pelo fato de sermos mulheres. Que o fato de termos filhos oriundos de nossas entranhas é mais significante do que a adoção.  Esse trecho me chamou a atenção: "Países como o Brasil precisam abandonar posturas hipócritas que dificultam a adoção internacional. As nações ricas, que têm taxas de crescimento negativo, precisam de crianças. Já o Brasil, a Índia e a China têm milhares de crianças desamparadas. Por que, então, não facilitamos o caminho para que elas possam ser criadas por quem tem condições de dar-lhes uma vida confortável?"
 Logo após a prova comentei que tinha gostado do texto, que esse estava bem elaborado e que as ideias são interessantes. Pois bem, o legal de comentar isso é que fui recebida com facadas pelas minhas colegas de curso, mulheres do século XXI, mulheres que querendo ou não estão(ou deveriam) estar lutando contra essa sociedade machista . Isso me surpreendeu. Ver mulheres com a minha idade dizendo que eu sou louca, que eu devo abandonar o meu pensamento social e começar a ter um pessoal. Que não devemos pensar no planeta e ter filho sim por que eu posso criar. 
O mais interessante é que elas não entenderam que o texto se referia a mulheres que não conseguiam engravidar e gatavam dinheiro com tentativas e sequer se importavam com as crianças órfãs. Fiquei triste por que Simone em 1949 já tinha pensamentos mais admiráveis do que minhas colegas.  Simone é pra mim uma inspiração. Assumiu e defendeu a liberdade, e pra sermos livres temos que ser cultos(essa frase me marcou quando visitei o centro cultural da minha cidade). Por ter mania de mexer em coisas antigas; encontro no meu livro de redação do pré-vestibular uma entrevista com uma socióloga chamada Helena Hirata à revista Época em 2003. Nessa entrevista ela relata a falta de políticas públicas e o papel da mídia no combate ao machismo, da carga cultural na remuneração das mulheres, da figura da mulher da sociedade entre outros assuntos. 
Ora, me pergunto, não entendo como ainda existem mulheres machistas nesse ano de 2011. Não as culpo, totalmente. Até por que elas não são machistas, simplesmente refletem a sociedade ao seu redor. Uma parcela de culpa está na sociedade; e nisso todos tentam calar minha boca dizendo que "é um fator histórico-cultural". Eles dizem isso para o machismo, racismo, homofobia... Pra tudo. E as culpo no momento em que elas negam assumir o combate ao machismo. O que eu quero passar é que não acho errado casar, ter filhos, etc... O que eu quero deixar claro é que não é fácil ser feminista, não é fácil ser do contra, não é fácil nadar contra a corrente, não é fácil tentar lutar.
 Eu sou taxada de socialista utópica, qualquer coisa que eu digo é motivo para zombaria, zoação. Mais a minha atuação não vai parar. Jamais. Termino minhas humildes palavras com uma frase de minha admirável amiga de ideal(se assim posso chamá-la ) Simone de Beauvoir : "Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância." 

Texto da Karen Gimenez

Entrevista com Helena Hirata

*O título é uma adaptação de outra mulher que admiro, Clarice Lispector. Me pareceu sugestivo, até porquê, sentar-se em um bar e tomar uma pinga soa mal até hoje. Não é algo para mulher e sim para homens.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário